24 abril, 2009

Amigos

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos
e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.

Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem
que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.

E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí,
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e, principalmente,
os que só desconfiam
- ou talvez nunca vão saber -
que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

Vinícius de Moraes

4 comentarios:

  1. Me parece muy revelador que para hablar sobre la amistad y los amigos lo hagas en tu lengua materna(muy dulce y musical por cierto).
    Se nota que habla el corazon.
    Nos leemos

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  2. Yo sé que hay que luchar a toda costa
    en esta guerra cruenta, que es la vida,
    plagada de traiciones sucias, tontas,
    pasión, absurdo y mucha hipocresía.
    Dicen que quien se amarga es porque quiere,
    pero es porque no encuentra soluciones;
    problemas, arrogancias, decisiones,
    sentimientos enfermos que no mueren.
    Mas cayendo en terreno pesimista
    sólo a perder admites resignarte,
    puedes ser a la vez cierto y realista
    y seguir para arriba y superarte.
    Suena a palabrería muy barata
    repetir “no te hundas, sé valiente”,
    sé que es verdad que se nos desbaratan
    y hacen frías las cosas mas calientes.
    Y que duele llorar, y se desea
    arrancarse de cuajo el alma a veces,
    cuando con la desgracia te codeas
    y ves como tu fuerza desfallece.
    No sé como empezó este enfrentamiento
    belicoso, tan cruel, que duele tanto,
    ni sé quien derramó primero un llanto,
    sólo una cosa sé: VIVE EL MOMENTO.

    (Obrigada)

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  3. Bellas letras. La reflexion me encanta. Besos, cuidate.

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Gracias por tus palabras